Brasília: A Embrapa iniciou as obras de uma nova Unidade Mista de Pesquisa e Inovação (Umipi) em Livramento – MT, mesmo em meio a uma severa crise financeira que ameaça a continuidade de suas pesquisas, como noticiou a Globo Rural. O anúncio, feito pelo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, levanta questionamentos sobre as reais intenções da iniciativa, que parece mais um movimento eleitoreiro do que uma ação concreta para fortalecer a pesquisa agropecuária no país.
Crise Financeira da Embrapa Contrasta com Nova Obra
Nos últimos anos, a Embrapa tem lutado para manter suas atividades diante da falta de investimentos governamentais. A própria diretoria da estatal, Silvia Mashura vem buscando alternativas no mercado financeiro para garantir recursos, incluindo a possibilidade de cobrança de royalties sobre suas tecnologias, conforme destacou o Estadão.
O presidente Lula chegou a prometer a ampliação dos investimentos na empresa, mas, na prática, a realidade é outra. A Embrapa segue em busca desesperada de fontes alternativas de financiamento para continuar sua missão de pesquisa e inovação no setor agropecuário.
Enquanto isso, a construção da nova unidade anunciada por Fávaro não encontra respaldo na estratégia de sobrevivência da estatal. O investimento em infraestrutura, sem garantia de recursos para manter a pesquisa, sugere um descompasso entre o governo e a real necessidade da Embrapa.
Ausência Marcante e Objetivos Políticos
A solenidade do anúncio teve a ausência sentida da presidente da Embrapa, Silvia Mashura e de outros membros do governo federal, o que reforça a impressão de que a iniciativa partiu mais do interesse político do ministro do que de um alinhamento estratégico com a estatal e governo.
Fávaro, que nos últimos anos perdeu representatividade na Baixada Cuiabana, tenta se reaproximar da região com esse tipo de ação. O anúncio da nova unidade soa como um aceno eleitoral, especialmente em um momento em que a Embrapa enfrenta dificuldades para obter recursos básicos.
Promessas Vazias e a Falta de Planejamento

O discurso do governo sobre a valorização da Embrapa não se reflete na prática. O compromisso assumido por Lula de ampliar os investimentos na estatal não se concretizou, e a necessidade de buscar financiamento externo expõe a fragilidade do apoio governamental à pesquisa agropecuária.
Se o governo realmente tivesse interesse em fortalecer a Embrapa, o foco estaria na recomposição orçamentária e no fomento às pesquisas, e não na construção de novas unidades sem garantia de operação plena. Enquanto isso, a estatal segue dependendo de alternativas como parcerias privadas e novas formas de receita para continuar funcionando.
O que se vê, portanto, é um governo que usa a Embrapa co o palanque político, ao invés de garantir sua sustentabilidade e protagonismo na inovação agropecuária.
Link citados no texto: Globo Rural, Estadão Agro, Embrapa.
Da Redação.