O assunto da alta nos preços dos alimentos, que tem se refletido na inflação, segue em discussão nos escalões do governo, mas sem anúncios efetivos. Após participarem de uma reunião nesta quinta-feira, 30, com o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, os ministros da Agricultura e Pecuária (Mapa), Carlos Fávaro, e do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), Paulo Teixeira, disseram que seguem monitorando a situação.
Questionado se o encontro tratou de alguma ação relacionada à redução das alíquotas de importação para conter a escalada nos preços dos alimentos, Fávaro respondeu que “não tem medida” e que “a reunião não tratou de medidas”. Ele ainda acrescentou que as pastas ficarão de olho no cenário nacional e internacional da produção e consumo de alimentos.
“Nós vamos estar acompanhando, então, o que está acontecendo no mundo dos alimentos, as posições, perspectivas, se tem alguma carência, para que isso possa ser desdobrado por técnicos em ações, por exemplo, como o planejamento de um Plano Safra. O que é importante estimular? Então, a partir disso, um trabalho constante de monitoramento, de acompanhamento, para que a gente possa então ter ações efetivas”, destacou o ministro da Agricultura.
Na semana passada, os ministros se encontraram com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e o ministro da Casa Civil chegou a indicar que uma ação estudada era a redução das tarifas de importação de alimentos. Fávaro inclusive citou como exemplo o milho, o que provocou críticas por parte do setor. Sobre o monitoramento que será feito, o ministro não deu muitos detalhes, mas inicialmente será feito a partir de reuniões semanais para discutir possíveis tomadas de decisão.
Na mesma linha, Teixeira voltou a dizer que “o governo não vai adotar nenhuma medida heterodoxa em relação a alimentos no Brasil”, e disse que o foco é em como ampliar a produção. “Nossa preocupação é como aumentar a produção de alimentos tendo em vista que aumentou o consumo, isso é muito bom, no Brasil e no mundo”, afirmou aos jornalistas na saída da reunião.
Juros preocupam e são “desafio” para próximo Plano Safra
Uma das alternativas vislumbradas pelo governo para tratar a questão no longo prazo é aumentar o estímulo à produção de alimentos mais essenciais na cesta básica por meio do Plano Safra. No entanto, com a alta do juros e a necessidade de um orçamento mais enxuto, o ministro da Agricultura disse que isso “é um desafio”.
“Essa é uma grande dificuldade [alta da taxa Selic]. Nós sabemos da limitação orçamentária, da responsabilidade fiscal. […] Mesmo com a dificuldade do aumento da Selic, foi determinação do presidente Lula para que a gente construa um novo Plano Safra, tanto para a agricultura de médios e grandes produtores, mas principalmente para pequenos produtores, cada vez mais estimulante na produção de alimentos”, reforçou Fávaro ao ser questionado sobre a dinâmica dos juros na composição da política agrícola.
Fonte: Agro Estadão