Cooperação público-privada de descarbonização atrai investimentos bilionários e segue aberto para a entrada de novos parceiros
O Brasil está consolidando sua posição como líder global ao unir sustentabilidade e tecnologia na agricultura, com o lançamento de um projeto inovador focado na cadeia de produção de café. Liderado por Jonatas Pulquério, diretor do Ministério da Agricultura (MAPA), e José Rozinei da Silva, CEO da Pronatura em Nova York, o projeto Cafeicultura Brasileira Sustentável, voltado à descarbonização da cafeicultura, atraiu a atenção de gigantes do agronegócio e do mercado financeiro global. Entre os principais parceiros, destacam-se nomes como Mitsui Japão, Rabobank Holanda e RRG NBS EUA, que, juntos, projetam um investimento de US$ 200 milhões (R$ 1,095 bilhão) para a cooperativa mineira Cocatrel.
Jonatas Pulquério enfatiza a importância dessa cooperação público-privada. “Estamos criando uma plataforma única, que reúne governos, grandes empresas e investidores globais em torno de um objetivo comum: transformar o setor cafeeiro brasileiro”, disse. Esse esforço coloca o Brasil no centro de uma revolução sustentável, aproveitando o potencial de transformação de um setor que movimenta bilhões de dólares.
José Rozinei da Silva complementa. “Nosso foco é estruturar um projeto de impacto que combine retorno financeiro com responsabilidade ambiental”, definiu. A captação de recursos e a coordenação com fundos globais, como Goldman Sachs, foram viabilizadas por uma combinação estratégica de players internacionais. O projeto também visa promover práticas agrícolas sustentáveis, aliadas a inovações tecnológicas.
Descarbonização e sustentabilidade no centro das atenções
O projeto propõe transformar a produção de café através da digitalização e descarbonização, com apoio de parceiros como a Mitsui Japão, que lidera a produção de SAF (Sustainable Aviation Fuel), a partir de resíduos do café; RRG NBS, plataforma americana que integra soluções sustentáveis baseadas na natureza; Rabobank, responsável pela monetização de créditos de carbono e financiamento de melhorias tecnológicas, e Embrapa, fornecendo suporte técnico e inovações que aumentam a eficiência nas propriedades rurais.
A Cocatrel será a primeira beneficiada, com aporte de US$ 200 milhões (R$ 1.095 bi), servindo como modelo para futuras transformações no setor cafeeiro brasileiro, que tem um potencial estimado de investimento de US$ 6 bilhões (R$ 32,87 bi).
Para o presidente da cooperativa, Jacques Miari, o projeto será de grande importância para os cooperados. “A Cocatrel se sente muito prestigiada por ter sido a selecionada para participar do Cafeicultura Brasileira Sustentável, por poder beneficiar nossos cooperados e parceiros por meio da implementação de práticas agrícolas sustentáveis visando a redução da emissão de carbono das propriedades incluídas, além de outros benefícios diretos ao produtor”, comentou.
“A longo prazo acreditamos que o projeto promoverá uma revolução na cafeicultura brasileira, integrando práticas sustentáveis ao manejo do cafeeiro, inovando assim o setor e posteriormente expansão do projeto para outras regiões produtoras de café”, completou Thamiris Miranda, responsável pelo departamento de sustentabilidade da Cocatrel.
Modelo econômico inovador e retornos atraentes para investidores
O projeto promete ampliar a competitividade do café brasileiro, tanto no mercado interno quanto no externo. Produtores que aderirem às práticas sustentáveis terão acesso a preços premium e poderão comercializar créditos de carbono, gerando novas receitas. Com um custo médio de US$ 3 mil (R$ 16,43 mil) por hectare, o Brasil, que conta com cerca de 2 milhões de hectares de café, representa um enorme potencial de investimento. O retorno para os investidores será baseado na valorização dos produtos e na comercialização dos créditos de carbono.
Silas Brasileiro, presidente do CNC, reforça a importância do projeto. “É um incentivo comercial muito importante, e também é um projeto de alcance social extraordinário, pois o café é uma planta que tem carbono negativo, isso está comprovado cientificamente. Nós vemos com entusiasmo esse acordo, assinado entre uma empresa que tem 40 anos que trabalha com o crédito de carbono, a Pronatura, o Mapa e o Conselho Nacional do Café”, adiantou.
O presidente relata que a escolha da Cocatrel teve como alguns dos pontos decisivos a sustentabilidade e a presença do produtor familiar. “Temos cooperativas associadas ao CNC de várias regiões produtoras de café no Brasil, e dentro delas selecionamos as que estavam bem estruturadas quanto a um movimento de sustentabilidade”, conta. “Além disso, mais de 75% dos seus associados são pequenos produtores”, conclui.
José Rozinei encerra com um convite a investidores globais. “Esse é um projeto aberto. Convidamos novos investidores a se unirem a essa transformação, liderada pelo Brasil no movimento global de descarbonização e digitalização do agronegócio”.
Seguro Rural
O Projeto Cafeicultura Brasileira Sustentável prevê avanços na política do Seguro Rural. De acordo com Jonatas Pulquério, a agenda inclui colocar o sistema de compensação de crédito de carbono na aquisição da apólice pelos produtores brasileiros. O diretor explica que a ideia é buscar junto ao mercado alternativa financeira para baratear o custo da apólice.
Ele fala, inclusive, sobre a criação de um produto específico, voltado aos cooperados participantes do projeto. “Durante essa fase inicial, de 90 dias, serão realizados diversos estudos, com levantamentos sobre o melhor produto aplicável ao programa”, relata Pulquério. “Após esse prazo teremos subsídios para apontar esse produto. E, caso ele não exista, trabalharemos junto ao mercado na criação de algo específico”, finaliza.
Sobre os parceiros
– MAPA: Líder na articulação entre governos, empresas e investidores no projeto.
– CNC: Coordena políticas para aumentar a competitividade e sustentabilidade da cafeicultura.
– Pronatura Internacional: Fundo de investimento voltado a projetos de impacto no Brasil.
– Cocatrel: Pioneira na adoção de práticas de descarbonização e digitalização.
– Mitsui Japão: Multinacional especializada em energia limpa e soluções sustentáveis.
– RRG NBS: Plataforma que integra soluções baseadas na natureza no setor agrícola.
– Rabobank: Banco especializado em agronegócio, com foco na monetização de créditos de carbono.
– Embrapa: Referência em pesquisa agrícola, apoiando inovação no campo.
Da Redação