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quinta-feira, dezembro 26, 2024
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Com insegurança alimentar, falta de armazéns e trilhos viram entrave mundial

Desafios de estrutura e logística precisam ser superados para que o Brasil consiga atender ao aumento de demanda da população por alimentos

A insegurança alimentar, aventada para as próximas décadas com o crescimento populacional e o consequente aumento da demanda por alimentos, os problemas de infraestrutura e logística de Mato Grosso, que impactam negativamente na produção e exportação desses itens, deixam de ser apenas um entrave brasileiro e passam a ser um desafio mundial, afirma o economista e ex-Secretário Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia do Brasil, Marcos Troyjo.

A região Centro-Oeste é uma das principais produtoras de grãos e carnes do Brasil. No entanto, a infraestrutura logística deficiente, como estradas mal conservadas, falta de ferrovias e portos inadequados, pode dificultar o transporte eficiente desses alimentos para outras regiões do país e para o exterior. Isso pode resultar em perdas pós-colheita devido a danos e deterioração durante o transporte.

“As empresas do Mato Grosso, as empresas do Brasil são muito boas da porteira para dentro, mas a gente tem dificuldade da porteira para fora, porque a gente não tem armazéns o suficiente, a gente não tem estrutura ferroviária para fazer o escoamento da produção, a nossa estrutura portuária é fraca, somos ruins em infraestrutura. Se há segurança alimentar, esse problema é brasileiro. Agora em um mundo onde existe insegurança alimentar, esses problemas deixam de ser internos e se tornam mundiais”, pontua.

Com quase 85 milhões de toneladas de produção de grãos previstas na safra 2023/2024, o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) aponta que Mato Grosso enfrenta um déficit de 51 milhões de toneladas em sua capacidade de armazenagem. A projeção de crescimento na produção de grãos nos próximos anos intensifica o problema e a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) estima que o Brasil precisaria investir R$ 15 bilhões em armazéns, todo ano, para suprir o aumento da produção agrícola.

Outro problema enfrentado é a falta de um sistema ferroviário que atenda a demanda. “O Brasil tem hoje menos quilômetros de ferrovia de carga em operação do que os Estados Unidos tinham no final da guerra civil. Hoje na China há mais quilômetros de conexão ferroviária de alta velocidade do que em todos os países do mundo juntos. Esse foi o investimento infraestrutural que alguns países fizeram e que nós não fizemos. E como existe uma relação entre o investimento infraestrutural e o aumento da produtividade, nosso déficit impacta em uma produtividade aquém”, afirma Troyjo.

Marcos Troyjo - Economista
Economista  Marcos Troyjo Brasil tem menos trilhos que os EUA no final da guerra civil

Segundo estimativa da ONU, a população mundial em 2050 será superior a 9,5 bilhões. O aumento populacional expressivo será puxado por nove países, que vai demandar do Brasil uma maior produção e comércio de alimentos. Um possível cenário de insegurança alimentar faz com que a falta de infraestrutura para atender a essa demanda deixe de ser um entrave apenas brasileiro.

“Faço uma comparação: se você deve R$ 100 a um banco, você tem um problema, mas se você deve R$ 100 milhões, o banco tem um problema. Os investidores estão vendo que vai ter essa tendência de insegurança alimentar, quem der provimento em infraestrutura vai sair lucrando no médio prazo”, afirma.

Por isso, para o economista, esses desafios de infraestrutura e logística, precisam ser superados para que o Estado consiga atender essa demanda.

Fonte: RDNews

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