Copom mantém sinalização de cortes de ‘mesma magnitude’ nas ‘próximas reuniões’.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu reduzir pela quarta vez a taxa básica (Selic) em 0,50 ponto percentual, para 11,75% anuais, na noite desta quarta-feira. No comunicado da última decisão do ano, o colegiado manteve a sinalização de cortes “de mesma magnitude” para as “próximas reuniões”, caso o cenário esperado se confirme, apontando o mesmo ritmo pelo menos até o encontro de março de 2024.
O BC enfatizou, contudo, que o cenário externo “mostra-se menos adverso” do que na reunião de novembro e que a inflação subjacente — medida que retira itens mais voláteis da conta — se aproxima da meta.
“Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”, disse o Copom no comunicado, trecho que não foi alterado em relação à decisão anterior.
“O Comitê enfatiza que a magnitude total do ciclo de flexibilização ao longo do tempo dependerá da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular daquelas de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e dobalanço de riscos”, complementou.
Diante da melhora dos cenários doméstico e internacional, havia expectativa em parte dos agentes financeiros de que o Copom retiraria o plural de “próximas reuniões” na sinalização dos passos futuros, se comprometendo apenas com o ritmo da reunião de janeiro e abrindo espaço para acelerar o passo adiante, mas o colegiado decidiu manter a indicação até março.
O Copom revisou para baixo suas projeções de inflação para 2023, que ficou em 4,6%, e para 2024, em 3,5%, ambas 0,1 ponto percentual abaixo da anterior, mas manteve 2025 em 3,2%. Para preços administrados, o Banco Central prevê 9,1% em 2023, 4,5% em 2024 e 3,6% em 2025.
Sobre o ambiente externo, o Copom frisou que “segue volátil e mostra-se menos adverso do que na reunião anterior, marcado pelo arrefecimento das taxas de juros de prazos mais longos nos Estados Unidos e de sinais incipientes de queda dos núcleos de inflação, que ainda permanecem em níveis elevados em diversos países”.
“Os bancos centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho. O Comitê avalia que o cenário segue exigindo cautela por parte de países emergentes”, afirmou.
Em relação ao cenário doméstico, o colegiado ressaltou que o conjunto dos indicadores de atividade econômica “segue consistente com o cenário de desaceleração da economia antecipado pelo Copom”. “A inflação cheia ao consumidor, conforme esperado, manteve trajetória de desinflação, com destaque para as medidas de inflação subjacente, que se aproximam da meta para a inflação nas divulgações mais recentes”, disse.
O Copom também manteve o parágrafo sobre a “importância da firme persecução” das metas fiscais “já estabelecidas” e enfatizou os impactos na ancoragem das expectativas de inflação e na condução da política monetária.
“Tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reafirma a importância da firme persecução dessas metas”, destacou.
O colegiado manteve em seus cenários para a inflação fatores de risco em ambas as direções, com pesos equivalentes para cima e para baixo. Entre os riscos de alta, o BC destacou “uma maior persistência das pressões inflacionárias globais” e “uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais apertado”.
Já entre os riscos de baixa, o Copom citou uma “desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada”; e “impactos do aperto monetário sincronizado sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes do que o esperado”.
Fonte: Valor Econômico