A irregularidade das chuvas que tem prejudicado o cultivo da soja em Mato Grosso, também pode impactar a semeadura do milho segunda safra nas principais regiões produtoras do grão. Em Sorriso, município que mais produz o cereal no estado, a expectativa é de redução na área destinada à cultura nesta temporada.
Cristiano comenta ainda que 200 hectares deverão ser replantados diante da situação. O que causa ainda mais preocupação quando se olha para a semeadura do milho.
“Eu vou diminuir uns 20%. A área que vai ser replantada estava programada para plantar milho. Já vamos sair dela. Não tem mais como plantar”.
Janela apertada para o milho
Em Sorriso também há produtor replanejando a segunda safra de milho. A janela apertada vem desestimulando dia a dia o ânimo dos agricultores em relação à cultura e a expectativa de é de uma área menor do grão no município.
Delegado da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Diogo Damiani, comenta que a “situação começa a ser delicada”, pois as chuvas recebidas não ocorreram de forma generalizada e sim em forma de pancadas.
Além disso, conforme Diogo, há relatos de produtores que estão há mais de 25 dias sem chuvas e outros em que o produtor semeou a soja e o grão não emergiu por falta de umidade no solo.
“Temperaturas altas de 66 graus, 67 graus, 70 graus. Então, isso acaba dificultando muito o desenvolvimento da planta e você acaba perdendo-a, estande e ainda impacta futuramente na produtividade”.
De acordo com o presidente do Sindicato Rural de Sorriso, Sadi José Beledelli, a diminuição de área no milho é certa.
“Você atrasando o plantio da soja agora, consequentemente você atrasa a colheita e na sequência atrasa também o plantio do milho segunda safra. Para você ter uma produtividade boa de milho é bom plantar até 15 de fevereiro. É a melhor janela de plantio”.
A recomendação de buscar ao máximo plantar o milho dentro da janela ideal é levada à sério pelo produtor Silvano Felipetto. Quando iniciou o plantio dos 1.275 hectares de soja no final de setembro, ele planejava destinar 100% da área para o milho. Só que após dois períodos prolongados de estiagem ele revela ter ficado inseguro e já fala em reduzir em 15% o espaço.
“Segundo as minhas contas, nas variedades que estamos plantando, eu vou colher a última soja em 20 de fevereiro. Então, a janela já começa a ficar longe. Se der quatro, cinco dias de chuva que atrasa a colheita dessa soja, eu já entro em março plantando [milho]. Aí não compensa. Eu não planto milho depois do dia 25 de fevereiro. Não vale à pena, porque a produtividade fica muito ruim e os custos do jeito que estão não dá para arriscar”.